20 de junho de 2009

Entrevista com o ilustrador Newton Coutinho



Newton Coutinho é um talentoso ilustrador carioca, cujos traços suaves de suas ilustrações dão um toque pessoal e poético as suas obras. Ele apresenta ótimos e inspiradores trabalhos em seu portfólio, que por si só já é uma obra de arte. Ele gentilmente nos cedeu uma entrevista onde conta sobre suas influências, projetos e muito mais. Confira a entrevista na integra.

Insight - Seja bem-vindo ao Insight. Primeiramente nos fale um pouco sobre você. Como você se tornou um Ilustrador e quando e como começou a sua carreira?

Newton Coutinho - Sou carioca, e sempre morei no Rio. Meu pai é artista plástico, professor (aposentado) da UFRJ e desde pequeno sempre o vi desenhando e pintando; já na escola sempre meus cadernos acabavam antes dos outros colegas devido ao grande número de desenhos que eu já gostava de fazer nos intervalos, recreio e etc. Cresci vendo os seus livros de arte, que eram divididos entre artes plásticas e ilustração, sendo que ele nunca transitou pelo design. Quando tive que fazer a opção de curso para a faculdade tinha o de pintura, mas nenhum específico de ilustração. Acabei entrando para comunicação visual e ao conseguir meu primeiro emprego, tranquei a faculdade no 5º período para trabalhar como ilustrador em agências de propaganda.


I - No seu portfólio você diz que tem percebido que o lado lúdico e criativo tem incentivado mais os profissionais da área de ilustração e que agora você se dedica mais a isso. Até que ponto essa mudança afetou o caminho já trilhado até aqui na sua carreira?

NC - Afetou e posso dizer que bastante. Presenciei os ilustradores que trabalhavam somente em prancheta migrarem para o computador e a influência que os programas tiveram no resultado dos trabalhos foi muito significativa para o cenário naquela época; a internet derrubou as barreiras e os artistas começaram então a descobrir as possibilidades de interatividade entre a prancheta e o computador. É a este momento que me refiro quando falo em lado lúdico e criativo, pois num primeiro momento os programas permitiam apenas usar o computador como uma possibilidade de "aposentar" o aerógrafo trazendo também a edição de imagens, mas não demorou para os ilustradores perceberem a infinidade de recursos e possibilidades que estavam à disposição, incluindo a chegada dos tablets e dos programas que simulam pintura.


I - Você conseguiria definir de onde tira a sua inspiração? E quando acontece algum bloqueio, como você faz para contorná-lo?

NC - Acho importante sempre ver o que outros artistas fazem; absorver, filtrar aquilo com o qual nos identificamos e agregar ou não como forma de evolução, o que é perigoso, mas necessário ao processo criativo, pois o desafio é, na minha opinião, o combustível indispensável nos momentos de criação. Quando comecei a ilustrar visitava sempre que possível os estúdios dos grandes mestres Nilton Ramalho, Benício e Mello menezes, além de outros, mas atualmente a quantidade de artistas que nos trazem inspiração é infindável, e o mais bacana é que aprendo muito observando também o trabalho dos artistas jovens, que exploram e experimentam sem receio a interatividade entre os meios tradicional e digital. Quanto aos famosos bloqueios, já conversei a respeito com diversos amigos e artistas e acho que é um pouco parecida a forma como acontece; algumas vezes é preciso procurar por mais fontes de inspiração, como livrarias, revistarias, museus e centros culturais e no meu caso (ilustração) visitar sempre as boas referências e outras áreas como design, artes plásticas, cinema e etc; em outros momentos nada disto adianta e a única saída é desligar um pouco do que se está fazendo e as idéias voltam a fluir naturalmente.


I - Quais são as principais ferramentas na composição dos seus trabalhos?

NC - Gosto muito de misturar técnicas e linguagens, desde quando inicialmente isto se restringia ao uso dos materiais tradicionais, até hoje com a inclusão do computador. Uso todos os materiais, como: tintas, grafites, aquarela. Só ainda não experimentei pintar com chá, café solúvel, vinho e etc... No mac uso sempre Photoshop, Illustrator e Painter quando preciso "simular" alguma técnica de prancheta. Admiro muito a sensibilidade de artistas que começam um trabalho "na mão" com um bico-de-pena, lápis e tintas diversas, escaneiam e acrescentam na medida certa grafismos, shapes abstratos, 3D e tudo mais que os programas permitem, equalizando com perfeição cada um destes elementos chegando a um resultado agradável e harmonioso sem poluir a arte final, o que, na maioria das vezes, se torna extremamente difícil.


I - Pelo que pude perceber seus trabalhos são bem detalhados. Quanto tempo em média você leva para finalizar um trabalho?

NC - Isto depende totalmente do que se vai ilustrar e em qual situação. Quando estou fazendo algum trabalho autoral posso dar um tempo dele e "descansar" alternando com outros projetos. Desta forma posso levar semanas se achar necessário, mas quando se trata de um "job" é preciso concentração e foco para começar e ir direto até o final, respeitando os prazos quase sempre apertados. É muito difícil citar algum exemplo com precisão, mas um trabalho "detalhado", dependendo da quantidade de elementos que entrarem na composição, pode levar em média de três, cinco ou até 10 dias para ser bem finalizado.


I - Onde encontramos o Newton Coutinho na web?



I - Gostaríamos de agradecer por nos conceder essa entrevista. Agora conte-nos quais são os projetos e novidades para esse ano.

NC - Eu que agradeço a oportunidade de divulgação, desejo todo sucesso ao Insight e que ele nos mostre cada vez mais arte de qualidade.
Quanto aos projetos, tenho muita coisa em mente. Acho sinceramente que até o fim do ano é pouco tempo, mas vamos lá:

- Quero acrescentar mais trabalhos ao meu portfolio, pesquisar e experimentar a fim de direcionar um pouco mais minha linguagem e estilo visto como "eclético".

- Voltar a pintar na medida do possível, criar estampas para camisetas e viabilizar alguma forma de comercializá-las como atividade paralela, extendendo depois para posters e afins.

- Sou um grande admirador de nú artístico e pretendo desenvolver algum projeto com intervenção em fotos e pintura corporal.

- Por fim gostaria de poder dedicar uma parte do meu trabalho ao mercado editorial.


João Alvarenga

He was born in early 85, currently lives in Brazil. An ordinary man with simple dreams. He is also the founder of Insight. You can find out more about him on the links below:

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